domingo, 11 de julho de 2010

All night long...

Ontem saí à noite na Madeira e lembrei-me de mais umas quantas coisas que me fizeram sair daqui há precisamente 2 anos. É verdade que às vezes precisamos regressar ao passado para relembrarmos o que nos fez procurar outra coisa e sem dúvida que estas férias têm contribuído para isso.

Todos sabem que o meu grande desejo é (ou será, era?) regressar à Madeira depois de uns anitos a trabalhar na Suíça. Mas a verdade é que será para mim muito dificil de me voltar a adaptar a esta ilhota, com tudo o que isso implica, depois de uns anos a viver num país no centro da Europa, com tudo o que isso implica igualmente.

Alguém dizia ontem à noite que dava graças por se levantar de manhã na Madeira e caminhar até ao trabalho a ver o mar e o nascer do sol. Eu invejei-a. Invejei-a porque sei o quanto sinto falta dessas coisas, porque também eu valorizo coisas simples como estas. Mas não gostei do tom! Falava como se eu desvalorizasse completamente coisas maravilhosas como essas numa busca por um salário melhor, por viagens a partir de um país no centro da Europa. Não desvalorizo o sol e o mar e a comidinha boa para valorizar um bom salário ou a possibilidade de viajar, não! Mas valorizo um futuro com prespectivas, coisa que não tinha de maneira alguma na Madeira.

Nem todos temos pais ricos, como acontece com a maioria dos meninos e meninas que vi ontem na noite da Madeira, nem todos gostamos de viver em casa dos pais aos 25 anos de idade (que eu cá prezo a minha vida independente dos meus pais, com a minha casa, o meu espaço e o meu dinheiro), nem todos temos namorados com pais ricos ou salários chorudos que nos possam sustentar ou nem todos gostaríamos de ser sustentados por outros aos 25 anos. Para permanecer na Madeira, precisaria de pelo menos (e sublinho PELO MENOS) uma destas coisas, o que, dada a minha realidade actual, não é obviamente possivel.

Há pessoas que não ambicionam mais. Ponto. Bom para elas! Eu não conseguia viver aqui, com um salário minusculo que me impediria de algum dia vir a ter uma casa ou até mesmo uma conta poupança. Nao me imaginava a viver aos 35 anos numa casa partilhada com outras pessoas ou na casa dos pais do namorado. Quero mais para mim!

Não me imaginava também a estagnar no que respeita à evolução profissional. Não só não existem muitas formações na Madeira, como as viagens nem sempre são baratas para sair daqui, como também nem sempre os patrões nos pagam as formações ou nos dão pelo menos dias para as podermos fazer. Credo! Não dá!

Tenho 25 anos, quero ser feliz e para tal preciso de me sentir realizada profissionalmente e pessoalmente. E que ninguém insinue que não há dignidade nisso, que há apenas ambição. Não sei quanto tempo andarei por este mundo e quero aproveitar o tempo que me é destinado para VIVER experiências e aprender a partir delas. Ontem vi pessoas na mesma exacta (e triste) situação que há 2 anos atràs, quando as conheci. Eu estaria altamente deprimida se estivesse nessa situação. Para mim seria tempo perdido! Não que eu aproveite sempre a 100% os momentos da minha vida, porque não é verdade. Mas tento lembrar-me muitas vezes que nunca se sabe quando será o nosso ultimo dia e que como tal, há que aproveitar o tempo que nos é concedido para viver, conhecer e aprender.

Ontem saí à noite na Madeira e lembrei-me de umas quantas coisas que me fizeram sair daqui há precisamente 2 anos atrás. Recordei que amo o mar, que amo a praia, que tudo isso me faz falta, mas que nada disso faz a minha vida. Recordei como a Madeira é pequenina, como tudo se sabe e nada se faz. Sim, gostaria de voltar um dia, mas um dia em que eu possa de alguma forma (= com muito dinheiro) ultrapassar alguns (sublinho ALGUNS, porque há outros que não são simplesmente ultrapassaveis) dos limites que a ilhota me impõem.

Só sei o que sinto, e o que sinto é que a Madeira não é, pelo menos neste momento, a minha casa.

1 comentário:

  1. Sofia,

    a minha situação por mais diferente que pareça, é muito semelhante à tua... Ambas tivemos de sair do nosso país, de que tanto gostamos. Não sabemos como vai ser o futuro, nem o que vamos ter, mas temos que lutar para ter aquilo que não nos cai de mão beijada...

    O que temos de continuar a fazer é lutar por aquilo que acreditamos, porque apesar de tudo vamos continuar a sofrer pela ausência, mas continuamos a sentir-nos muito felizes com aquilo que conseguimos.

    M

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