terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Liçao de piano, liçao de vida, liçao de amor!

Sentei-me no banquinho, de frente para o piano, maos sobre o teclado. 

- Agora vai, toca! - diz-me.
As minhas maos transpiram. 
- Nao sei! - respondo. 
-Vai!
As minhas maos transpiram e tremem. 
- Nao sei como devo fazer! - choramingo. - Nao sei se estou nas notas certas! 
- E o que é que isso interessa? Continua! Vai! 
- Mas nao conheço as regras! - continuo.
Toco simultaneamente.  
- Ai, saiu ao lado esta! - justifico timidamente. 
Toco. (O que é que estarao a pensar de mim? Toco sempre as mesmas notas!). 
Experimento novas notas. (Sera que estao a gostar? Estarei a tocar as notas certas?). 
As maos transpiram. (Nao quero tocar sozinha!). 
- Toca comigo! - imploro. 
- Porquê? - desafia-me.
- Sozinha tenho medo!
- Porquê? Tu vais viajar sozinha!!!
- Porque assim todos sabem que sou eu que toco! - Digo, experimentando uns tons mais agudos e tentando nao pensar no que me acabaram de dizer. (Vou mesmo viajar sozinha!
- Isso, lindo, continua!
Arrisco novas notas. Transpiro.
- Sozinha, nao te podes esconder por detras de ninguém. és obrigada a mostrar as tuas "falhas" mas também todo o teu potencial! - desafia-me de novo. 
(Vou viajar sozinha!!! Nao me vou poder esconder ou apoiar em ninguém! Terei que ser eu propria... nao tenho escolha senao ser eu propria!)
O coraçao acelera.  
- Agora fecha os olhos, nao penses e deixa a tua mao te guiar!
- Nao consigo! - digo mesmo antes de tentar.
- Consegues! Fecha os olhos!
Tento. 2 segundos e volto a abri-los.
- Nao consigo! - digo, tocando ao mesmo tempo.
- Và, fecha os olhos!
Volto a tentar. Desta vez permaneço mais alguns segundos de olhos fechados enquanto toco. (Como é que sei se estou a tocar as notas certas? De olhos fechados nao consigo ver se tenho as maos nas teclas certas!)
Abro os olhos. Verifico. Maos erradas. Corrijo e volto a fechar os olhos. (Porque quero tanto controlar com os olhos, quando posso controlar com o coraçao? Porque nao consigo confiar na minha intuiçao?)
- Isso mesmo, continua! - diz-me.
Continuo. Oso experimentar novas notas. Transpiro. (Sera que as maos estao certas? Isto deve soar horrivel!)
- Lindo Sofia, lindo. Continua!
Paro. Estou cansada. As maos encharcadas de transpiraçao. Olho-a sem saber o que dizer.
- Ouviste-te? Ouviste-te enquanto tocavas de olhos fechados?
Tento lembrar-me, de lagrimas nos olhos! 
- Nao, acho que nao... Nao. Nao ouvi nada do que toquei - respondo, de olhar vazio.
- Porquê?
- Porque... estava concentrada nas notas, a tentar tocar as notas certas! - respondo com sinceridade.
- Vês? Vês o que estas a fazer a ti propria? Vês o que estamos a fazer a nos proprios? O que esta sociedade esta a ensinar às nossas criancas?
Aceno afirmativamente com a cabeça, segurando as lagrimas. Sei exactamente do que é que ela esta a falar!
- Estamos tao preocupados com o que os outros pensam de nos, que esquecemo-nos de nos ouvir a nos proprios!
Sim. Ali estava eu, sentada ao piano, piano aberto para mim, tocando de olhos fechados, preocupada com o que estariam a pensar de mim, preocupada em seguir as regras, preocupada em tocar as teclas certas, com receio de errar... Com tudo isto, os meus ouvidos nao ouviram aquilo que o meu coraçao falava através das minhas maos. Com tanto medo, nao ouvi meu coraçao!

Pedi licença para sair. Nos olhos, lagrimas de gratidao pela liçao de piano que se transformou numa liçao de vida e de amor! Eu, que procuro constantemente provas de que Algo Superior nos guia e de que nada acontece por acaso, tinha ali a minha prova! 

O piano e a professora, colocados ali para mim, canalizaram a liçao que precisava de receber naquele preciso momento! Liberta-te das regras, das leis, do que parece, do que os outros pensam ou esperam de ti... e ouve o teu coraçao! Liberta-te do medo e teras acesso a essa Sabedoria Superior que tanto procuras e que esta sempre em ti!

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Em contagem decrescente para Bali!


Falta pouco mais de 1 mês para a viagem e confesso que, cada vez que penso nisso, a frequência cardíaca aumenta e transpiro ligeiramente das maos!

"Agora ja nao ha volta a dar!" digo para mim própria, numa tentativa de afastar esse tal nervoso miudinho que se instala! E consigo acalmar-me por algum tempo até que, por uma qualquer razao, volto a recordar-me de que ja nao falta assim tanto para a viagem e voilà... de novo o coraçao a bater mais rapido e o suorzinho nas maos!

Perguntaram-me ja varias vezes se nao tinha medo de fazer tal viagem sozinha. Se responder com o coraçao, a resposta é "Sim, tenho!" e logo de seguida tenho vontade de acrescentar "E essa é talvez a principal razao pela qual vou fazê-lo!". 

Sim, tenho medo!
Tenho medo das quase 24 horas de viagem de ida, de me perder nos aeroportos nos quais farei escala, de perder a bagagem, de nao chegar a horas aos voos, de nao ler bem os paineis indicativos, de nao perceber suficientemente bem o inglês, de nao conseguir comunicar em caso de necessidade...
Tenho medo nao da solitude, mas da solidao e de entrar em pânico ao saber que nao tenho ali perto ninguém que conheça para me ajudar se precisar!
Tenho medo de me sentir entedeada, sem saber o que fazer do meu tempo livre. Se por um lado é algo de que sinto grande necessidade, por outro, nao sei se sei estar desocupada, sem horarios ou compromissos!
E tenho medo também de regressar sem resoluçoes, sem ideias arrumadas, sem mais certezas do que as que tenho actualmente e sobretudo tenho medo de nao encontrar a fé que procuro!

Depois sei que o medo é o oposto de amor. Que se transporto estes medos com a minha bagagem, estarei a bloquear o fluxo universal! (Obrigada Carol, pelas liçoes de luz!). E sabendo isto, procuro a ainda pouca fé que trago em mim e relembro-me que nao estou so, que Deus ou o Universo ou seja là o que for "has my back", que tudo o que acontecer sera sem duvida o melhor que me podera acontecer, que seja la qual for a experiencia, sera merecedora de uma gratidao profunda!

Vou para Bali à procura de espaço e tempo para me posar, para acalmar o mar turbulento de ideias que invade constantemente a minha mente e silencia-la na esperança de assim ouvir o coraçao! No meio da asafama em que vivo, procurando constantemente responder ao que me é pedido e ao que de mim é esperado, deixei de ouvir o meu Eu superior, perdi a conexao com a minha essência e esqueci o que é viver na autenticidade do que sou! Vou para Bali tentar recuperar um pouco de tudo isso; vou para Bali aprender técnicas para preservar tudo isso no meio da agitada sociedade actual! 

Se é isso que vou encontrar nao sei, mas vou procurar acolher tudo o que vier de braços bem abertos e com o coraçao repleto de gratidao aos kilos! 

Diz que Bali, e sobretudo Ubud, têm uma energia propicia para encontros e respostas! E poderá ser de outra maneira se levar uma bagagem livre de medo e preenchida de amor? Ninguém exige que o consiga fazer, so me é pedido para pelo menos tentar...