Casar de novo

Hoje recebi um email interessante que falava de casar de novo. 

Todos nos sabemos que os melhores momentos de uma relação sao os primeiros meses; aqueles em que descobrimos o nosso companheiro e somos descobertas (e cobertas também! credo... que piada!), em que nos deixamos impressionar, em que nos deixamos levar, em que fazemos coisas que nunca faríamos normalmente... vamos jantar a restaurantes que nunca experimentamos, fazemos programas de tempos livres que nunca havíamos feito... Depois, quando as coisas se tornam um pouco mais serias e resolvemos morar juntos, vêm aqueles meses igualmente maravilhosos em que se compram coisas novas, em que se decora a casa, em que tudo é novidade... dormir na mesma cama, tomar banhos juntos, cozinhar juntos o jantar, fazer compras de supermercado um com o outro...

Até que um dia damos por nos a fazer todas as coisas de sempre e da mesma maneira. Nao ha novidade, nao ha surpresa... ha apenas monotonia! Ja nao fazemos muito por encantar o outro, por o surpreender, porque de qualquer das maneiras, ele esta ali feito dado adquirido. E é em momentos como este em que pode surgir a outra pessoa que nos faz de novo sentir aquele bichinho da novidade, da mudança, da agitação da vida que torna tudo muito mais interessante, motivante, alegre... E depois ha o que conhecemos por "um bom par de cornos" (acontece aos melhores)!

A ideia do email que recebi é que, em alturas como esta, ao invés de procurarmos a novidade ou a mudança numa outra relação, devíamos tentar encontrar tudo isso na relação que temos. Se por vezes for necessária uma separação temporária, porque nao?! Afinal, isso pode reavivar a vontade de impressionarmos o outro, de o reconquistar, de fazermos coisas juntos que nunca antes fizéramos! é a isto que se chama casar de novo, mas casar com a mesma pessoa! Que so assim é possível manter uma relação duradoura com alguém: ha que se casar e divorciar-se muitas vezes... com a mesma pessoa!

é verdade...

Quando nos, mulheres, entramos numa nova relação, estamos prontas a tudo. Aceitamos programas que nunca na vida aceitaríamos, metemos maquilhagem, mudamos o tipo de roupa e sapatos, mudamos talvez de casa, de cidade... Entao porque nao fazer tudo isso, mas com a mesma pessoa?

A ideia é bonita, là isso é. O problema é que da um trabalho do caraças e mais ainda se apenas um membro do casal vê esta necessidade de inovar antes que a coisa dê para o torto. Manter uma relação de casal (ok, depende do que entendemos por relaçao de casal, que eu sei que ha por ai muitos open-minds. Bom, eu nao sou uma dessas!) da trabalho e é preciso que os dois lados percebam essa necessidade.

Conheço muitas mulheres que se queixam que os maridos nunca querem fazer nada, nunca querem definir programas diferentes para os tempos livres, que chegam a casa e se sentam em frente da TV e nem conversam. Com estes homens, com quem por vezes tentamos dialogar e explicar as nossas necessidades, temos poucas hipóteses: ou aceitamos que as coisas sao assim e sujeitamo-nos a isso (e portanto, nao se queixem! Se estao assim tao mal, mudem-se!) ou metemos-lhes os patins (eu disse os patins, nao os cornos, que os cornos é feio!)/ fazemos-lhes as malas/ mandamos-lhes dar uma volta ao bilhar grande/ mandamos-lhe ir dar banho ao cao/ir à varanda ver se chove... (é so escolher a expressão)... e seguimos em frente, talvez procurando aquele que tenha a maturidade suficiente para compreender que a relação da trabalho e que nao seja preciso termos com ele Aquela conversa do "Precisamos de falar: eu nao me sinto feliz assim..".

Casar de novo é bonito sim senhor, mas nos dias que correm, conseguir "casar" uma vez ce n'est déjà pas mal!

Moral da historia: se querem descanso, tranquilidade, serenidade, paz e sossego, nao se metam em relações, que isto da um trabalho do caraças!