sexta-feira, 5 de julho de 2013

Nao ha mar sem terra...

Figueirinha. Passeio sozinha pela língua de areia que se forma quando a maré baixa. Enquanto caminhava para là, tive que atravessar o mar que corta a língua em pequenas ilhotas! 


Ao atravessar sozinha esse mar, uma e outra vez para chegar à ponta da língua, eu sentia medo e dor. Medo da corrente ser forte e me levar, medo de que ninguém me ajudasse caso isso acontecesse pois estava ali sozinha, medo de nao ter as capacidades necessárias para atravessar aquele mar sem ajuda, medo que a maré subisse demasiado rápido impedindo o meu regresso e deixando-me para sempre ali sozinha. Dor nos pés e nas pernas de tao fria que a agua estava. Dor fisica, desconfortavel, que me fazia praticamente evitar  o regresso! Estava disposta a ficar ali, presa, so para evitar a dor e a confrontação com os meus próprios medos!

Estava ali, na ponta da lingua, sozinha e por isso desconfortável. Mas a dor e o medo de atravessar eram igualmente incómodos e por isso, e se nao fosse por uma questão de sobrevivência, eu teria ficado ali, presa, ao invés de avançar! Porque avançar , sabendo que a travessia vai ser assustadora e dolorosa, nao é facil. O que nos faz avançar é saber que, ao fazê-lo, chegaremos a terra firme, a um porto seguro, à nossa toalha e chapéu de sol.


Na vida é identico, apenas nem sempre avistamos esse porto seguro. Andamos por vezes ali meio à deriva, sabendo no entanto que eventualmente acabaremos por alcançar terra firme; que basta para isso continuar a avançar, sempre! A terra firme esta la, à nossa espera certamente. Nao ha mar sem terra! Resta-nos enfrentar o medo e a dor dessas aguas geladas e correntes fortes, atravessar por elas dentro, impedindo-as de nos prenderem numa ilha prestes a ser inundada, onde nos sentimos desconfortáveis e onde nao queremos, no fundo, permanecer!

2 comentários:

  1. Passeando no teu artigo com todo prazer, acho interessante o questionamento que faz sobre a segurança, o tempo que passa, a vida que muda de cor, mas sem ser pretensioso, acho que devias antes de tudo colocar-se a verdadeira questão; "Porque a vida passou antes que pudéssemos viver." Como a questionou o senhor V Hugo.. um trabalho magnifico acima de tudo. Deixa vida existir no presente é o único e verdadeiro tempo...

    ResponderEliminar