quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Espiritualidades...

A caminhar para o 3 ano de residência na Suíça, os primeiros 2 anos nao foram para mim nada fáceis. 

Sentia falta dos dias de sol, dos verões intermináveis, das mariscadas e caracoladas em finais de tarde, do mar imenso, da areia branca.... sentia falta de pegar no carro e ir para onde sentia vontade de estar, sem preocupações de estacionamento ou acessibilidade, sentia falta dos meus "spots"onde podia estacionar o carro e estar so eu e um bom livro, sem mais agitação. 

Quando se chega a uma nova cidade de um outro pais, leva algum tempo até conhecermos aqueles cafés, aqueles jardins, aqueles cantinhos onde nos sentimos bem. Leva tempo até termos os "nossos" sítios e eu sentia falta disso. As vezes apetecia-me nao estar em casa, mas nao sabia para onde ir porque nao conhecia sítios onde me sentisse bem. 

Foi assim que os primeiros 2 anos se revelaram anos de solidão. Saia pouco e convivia quase nada porque nao encontrava nem locais nem pessoas nos/com as quais me sentisse bem. E como "No meio da dificuldade, encontra-se a oportunidade."(Albert Einstein), esses anos foram propícios à introspecção, ao questionamento, à procura e assim a um encontro com a espiritualidade.

Hoje quero acreditar no que Eckart Tolle afirma convictamente: a vida proporciona-nos a experiência mais propicia à evolução da nossa consciência e sem duvida que estes 2 anos foram um acumular de experiências que me "obrigou" a evoluir na minha maneira de viver a vida e de pensar a vida. Nao tenho quaisquer duvidas de que precisei de passar por momentos duros de solidão, de rejeição, de abandono, para hoje olhar para as situações de uma outra perspectiva. Acredito que o emprego que tenho, a vida que vivo, a relação que estabeleci com as pessoas à minha volta sao experiências favoráveis ao desenvolvimento de uma nova consciência e sabedoria. Como dizia o General George S. Patton, "A pressão faz diamantes"; se essas experiências nao estão em harmonia com a pessoa que sou, nao é por mero acaso. Elas existem para me "forçarem" a questionar sobre quem sou eu afinal, no interior de mim. Nao o meu ego, nao o meu corpo, nao o meu look, nao aquilo que eu penso que sou ou que os outros pensam que sou... mas EU, o meu verdadeiro EU que se encontra algures dentro deste corpo! Se o emprego nao me motiva, vou perguntar-me "Afinal, o que é que me motiva? Afinal, o que é que EU gosto de fazer? Que tipo de situações me dao prazer?"; se a vida que vivo nao me faz feliz, vou perguntar-me "O que é que nao me faz feliz? O que é EU gostaria de fazer de maneira diferente, de mudar na minha vida?"; e se as relações que estabeleço nao sao fonte de harmonia, pergunto-me "O que é que me faz sentir mal nesta relação? O que é que em mim, me faz rejeitar esta relação!".

Seja através da religião católica ou de qualquer outra religião, seja através de doutrinas ou teorias mais ou menos modernas sobre o sentido da vida, a verdade é que a sociedade esta a despertar para esta necessidade de parar e mudar a maneira como estamos a viver as nossas vidas. As pessoas e portanto o mundo nao estão satisfeitos com a vida actual. As pessoas estão deprimidas, estão insatisfeitas e tudo isso é fundamental para que o despertar se opere! 

Foi por isso com grande alegria que li hoje no blog da Pipoca, que ela também despertou para esta necessidade fundamental de transcender o mundo material e ir mais além! E o mais reconfortante é que nestes últimos meses, muitas têm sido as pessoas que têm cruzado o meu caminho e que tal como eu, tal como a Pipoca e como muitas outras pessoas, começam agora a despertar. E quando assim é, um novo mundo se revela à nossa frente e de repente surgem-nos livros interessantes, filmes que outrora nao compreendemos, revelam-nos agora mensagens preciosas, pessoas com quem nunca falamos, partilham das mesmas ideias que nos. Basta levantar um bocadinho o véu para que surjam novas ideias que eu acredito que, mais cedo ou mais tarde, vao revolucionar o mundo que conhecemos!